segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Grito (de ajuda da arte). Munch




A arte é, por natureza, aristocrática e selectiva nos seus efeitos sobre o público. Pois, mesmo em manifestações “colectivas”, como o teatro e o cinema, esses efeitos estão associados às emoções mais íntimas de cada pessoa, que entra em contacto com a obra. Por sua vez, o artista, em função da consciência especial que tem do seu tempo e do mundo em que vive, torna-se a voz daqueles que não podem expressar a sua concepção da realidade (vox populi). Assim sendo, o artista, o produto e o seu público, formam uma entidade indivisível, como se fossem um só organismo interligado pela mesma rede sanguínea .
Actualmente, a "desorientação das formigas", faz com que à cultura guardiã dos valores da sociedade associa-se, ou até se sobrepõe, uma cultura de consumo destinada às massas. Se a primeira é pensada de uma forma que poderia parecer imprudentemente universal, a segunda resulta da organização do trabalho capitalista, que proporcionou às massas um tempo de lazer cada vez mais importante e que as indústrias culturais satisfizeram. A irrupção de uma procura cultural como resultante de uma camada da população recentemente alfabetizada e não como um facto característico de uma massa homogénea confrontada com novas técnicas e uma nova categoria de indústrias ditas “culturais”.

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