terça-feira, 20 de outubro de 2009

Diário de Bordo

Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação,
no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças,
sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as
paisagens são...

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não
é o que vemos, senão o que somos.

Fernando Pessoa






















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Fotografia: Hugo FOnseca

Gabinete de Curiosidades



O espectador é convidado a entrar no “microcosmos” (Gabinete) do artista, onde através de uma pequena ficção, se faz um percurso pelas obras do autor, com comentários do próprio e com uma visão do seu local de trabalho/inspiração.

A curta através de um jogo de ilusão, ou mesmo uma realidade deturpada, faz uma ligação entre as obras do artista, onde este ganha o protagonismo central, deixando apontamentos na forma como opera e na ligação que detém com o ambiente que o circunda e que faz parte da sua criação.

Este documento tem como principal objectivo a divulgação de uma "cultura alternativa" da cidade da Guarda, através da documentação de um artista local.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Apontamentos sobre Cinema


O indivíduo, aparentemente abandonado e sozinho numa sociedade cada vez mais laicizada e assolada por uma crise de valores praticamente implantada, procura como meio de evasão ao quotidiano, uma sala de cinema. Esta sala provoca no espectador a obsessão e o fascínio pelas novas invenções tecnológicas, pelo fantástico e pela maneira como são abordados os problemas actuais. Ao visualizarmos um filme no cinema, parece que estamos presentes, que fazemos parte integrante e que somos transportados para o seu interior, levando o indivíduo a fazer um exame de consciência. Quanto ao espectador mergulhado na sala de cinema escura, Morin observa que o sujeito-espectador absorve o mundo que é projectado na tela e participa dele, mas essa participação, por ser desprovida de mobilidade, é regressiva (a um mundo primitivo), infantilizada, como nos sonhos.
Por outro lado, o princípio cinematógrafo baseia-se na selecção que é feita pela câmara e pela montagem sobre o que há a mostrar, e depois é preciso articular as imagens (planos) seleccionadas, fazendo-as passar num ecrã. Assim sendo, procede-se há criação de um sistema de sucessão de imagens, pertencendo à categoria das imagens fixas. Se o cinema funde o orgânico e o mecânico num universo de formas ondulantes, também esta ligado à tecnologia da impressão. Ao projectar as palavras, por assim dizer, o leitor (espectador) tem que seguir as sequências de planos fixos, e por consequente tenta seguir os contornos da mente do autor segundo diferentes velocidades e múltiplas ilusões de compreensão . Assim sendo, “o ecrã é o lugar onde pensamento-autor e o pensamento-espectador se encontram e revestem o aspecto material do acto”.



O cinema pode-nos aproximar ou afastar das coisas, e girar à volta delas, suprimir o ancoramento do sujeito como do horizonte do mundo, de tal modo que substitui um saber implícito e uma intencionalidade segunda às condições da percepção natural. Não se confunde com as outras artes, que antes apontam para um irreal através do mundo, mas faz do mundo ele próprio um irreal ou uma narrativa, que se torna a sua própria imagem, e não uma imagem que devém mundo.O cinema, segundo Morin, é montagem, ou seja, deformação, «trucagem»: “As imagens por si só, nada são; só a montagem as converte em verdade ou mentira”.Assim sendo, constatamos que o cinema é um grande divulgador de modelos de comportamento e pode servir de apoio aos valores e à sensibilidade humana a nível cívico e social, caso se tratem de comportamentos concordantes. O cinema é, pois, o mundo, mas um mundo meio assimilado pelo espírito humano, de permuta e em constante transformação.

O Grito (de ajuda da arte). Munch




A arte é, por natureza, aristocrática e selectiva nos seus efeitos sobre o público. Pois, mesmo em manifestações “colectivas”, como o teatro e o cinema, esses efeitos estão associados às emoções mais íntimas de cada pessoa, que entra em contacto com a obra. Por sua vez, o artista, em função da consciência especial que tem do seu tempo e do mundo em que vive, torna-se a voz daqueles que não podem expressar a sua concepção da realidade (vox populi). Assim sendo, o artista, o produto e o seu público, formam uma entidade indivisível, como se fossem um só organismo interligado pela mesma rede sanguínea .
Actualmente, a "desorientação das formigas", faz com que à cultura guardiã dos valores da sociedade associa-se, ou até se sobrepõe, uma cultura de consumo destinada às massas. Se a primeira é pensada de uma forma que poderia parecer imprudentemente universal, a segunda resulta da organização do trabalho capitalista, que proporcionou às massas um tempo de lazer cada vez mais importante e que as indústrias culturais satisfizeram. A irrupção de uma procura cultural como resultante de uma camada da população recentemente alfabetizada e não como um facto característico de uma massa homogénea confrontada com novas técnicas e uma nova categoria de indústrias ditas “culturais”.

A Indústria da Cultura:





A arte produzida encontra-se subserviente ao capitalismo e reproduz a ideologia da classe dominante, a arte passa a ser apenas mais um produto trocável por dinheiro, esta arte industrializada passa a ser simplificada e vazia. A arte perde, portanto, a sua aura.

Serializaçao...Mercadoria...Opressão...Subjugação aos vários "Poderes" que condicionam e impedem, a verdadeira libertação da Arte.