terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quando o Cinema bebe da 'Música'

THE DOORS: Jim Morrison ícone incontornável da música, reveste aqui o papel de figura alada e mítica. O filme acompanha o nascimento de um culto, onde cada música retrata uma fase da vida da banda. Não descurando o ambiente dos anos 60/70 fielmente tratado. Oliver Stone capta com sensibilidade o onírico e o real, entre os efeitos dissonantes dos acordes e o psicadelismo das teclas (Ray M.), transporta-nos para um mundo sem regras, onde o lema: sexo, drogas e rock n' roll é aqui bem brindado. Na O.S.T. podemos também ouvir The Velvet Underground & Nico (Heroin), hinos de uma geração que procurava alguem que lhes abri-se 'as portas' (da percepção: Aldous Huxley)...'Is everybody in, is everybody in.. the ceremony is about to begin'...
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Last Days: Gus van SAnt pega numa figura que marcou os anos 90 de forma irreparável, para lhe dedicar os seus últimos dias, porém com uma visão demasiado sinistra, depressiva e introspectiva, mas que leva o espectador a perceber o que consumia o artista: a sua vida, a sua fama, as pessoas...a morte parece por minutos elevá-lo, firmando assim o seu luto interior e sepultando-o definitivamento no panteão dos músicos.

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24 HOurs Party PeOple: Um Pequeno Documento da cena Rock, numa revisão da música de Manchester dos anos 70/80/90, personificada aqui pela mão de Michael Winterbottom (Tony Wilson), cabeça da conhecida Factory Records.
O filme acompanha numa compilação rigorosa, ilusória mas tocando no real, o percurso de bandas como Sex Pistols, Joy Division, Happy Mondays, New Order, etc. Wilson tem o papel de narrador auxiliando assim a compreensão dos vários acontecimentos. Contemplamos momentos de pura adrenalina no Russel CLub e Hacienda (o CBGB de Manchester), onde acompanhamos a crescente cultura do pós-punk em Manchester, deslumbramo-nos com pombos a cair do céu devido ao raticida, cenas ilícitas numa carrinha... porém uma cena dramática se impõe, tendo uma importância significativa no decorrer da história, a morte/suicidio de Ian Curtis, que encerra um movimento, dando lugar agora a uma corrente mais dance(a banda happy mondays goza de algum favoritismo)...o filme encerra com a falência de Wilson, onde numa visão deturpada (por estupefacientes) e em jeito de epilogo têm um diálogo com Deus (o seu eu adulterado).

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Rude Boy: Este documentário parte ficticío parte real, aborda a história de um jovem que trabalha numa Sex Shop e que a dada altura decide acompanhar (rodie) a digressão da banda The Clash em 1978. Entre ambientes do underground Londrino e dos concertos, encontramos as linhas de baixo de Paul Simonon a despoletar a 'boa revolta' (White Riot) e uma voz de incentivo para um futuro anti-nazi (Joe Strummer). A história do jovem Ray Gange intercalada com concertos da digressão Patrol and Sort It Out, Rock Against Racism, etc, ecoam uma fase da banda que protagonizou 'Guns of Brixton'...


THE FUTURE IS UNWRITTEN-Joe Strummer: Documentário com pé no acelarador baseado na vida e obra de Joe Strummer front-man de bandas como The Clash, The 101'ers, The Mescaleros e The Poches. Comentado por amigos e artistas, com imagens inéditas, numa colectânea
de emoções fortes que traduzem a vida de um ícone que perdurará nos quadros da música.

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SLC PUNK:Filme dedicado à geração 'No Future'. O conto abre com a história de dois amigos(Stevo e Bob) que entre as ressacas e as mocas enfrentam (ou não) um futuro sem grandes respostas, de incerteza e de total corformismo...Stevo resiste à ideia de entrar em Harvard como os pais ex-hippies tanto almejam, e vive revoltado contra a sociedade, particularmente contra punks posers que gritam "Anarchy in the UK" mas que vivem na América, o que é que isso acrescenta? Se na América há bandas como Dead Kennedys refuta, que confrontam os seus próprios dilemas... festas de anarquia pura, porradas de rua contra fascistas, sexo, atitude e concertos completam os seus dias...pórem o desfecho do filme deixa o espectador a pensar como é que uma forma de vida que é a cultura Punk pode sobreviver na era do Capitalismo? e de que forma isso se vai reflectir nas suas vidas, acabando por serem vencidos pelo sistema e aceitando-o (acomodando-se), perdendo paulatinamente os seus ideais...
Em termos musicais o filme faz menção a bandas como: The Exploited, The Stooges, The Specials, The Ramones, The Velvet Underground, Generation X, Moondogg, Fear Cult, The Suicide Machines, Dead Kennedys, etc.

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CONTROL: Pelicula dedicada à vida e obra de Ian Curtis vocalista da lendária banda Joy Division, captada aqui pelo mão do fotógrafo Anton Corbijn. A primeira cena de Ian no quarto a olhar para um poster de David Bowie com os olhos pintados, de cigarro nos lábios e a observar-se no espelho, consitui o prefácio do passo seguinte. Após um concerto de Sex Pistols (do qual retirou prazer e influências) decide juntar-se a uma banda de amigos a qual primeiramente se apelidava por Warsaw (inspirado numa música de David Bowie "Warszawa") e à posteriori se denominou de Joy Division (casa de 'diversão' para nazis). Curtis casa cedo, é confrontado com uma doença crónica (epilépsia) e começa uma medicação metódica, cujo os efeitos secundários se fizeram sentir tanto em palco como na sua vida (She Lost Control, revela alguns desses demónios interiores). As músicas fundiam-se agora com as suas vivências, e 'Love Will Tear us Apart' espelhava a frustação dos seus sentimentos, que se dividiam agora entre duas mulheres...deâmbulando por entre o trabalho, os concertos, a mulher e a amante, e os ataques, a vida de Ian esmorecia aos seus olhos, era agora um fardo pesado de suportar, e após visualizar o filme de Werner Herzog's, 'Stroszek' e ao som de Iggy Pop 'the Idiot' põe fim à sua genialidade. 'Atmosphere' fecha assim o túmulo de um Culto vivo que perdura, 'don't walk away in silence'...O filme está sensível e directo, com uma fotografia linda que capta o nú do cinzento de Manchester (transmitindo-nos um sentimento de apatia, que aliás Ian partilhava), a música encontra-se em perfeita harmonia com a tela, onde se faz referência a boa parte da discografia da banda.


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The Wall: Palavras-Chave: Poderoso, Alucinante, Cativante. Esta obra-cinematográfico-musical traz-nos as fantasias psicadélicas de uma estrela de Rock, que enlouquece lentamente num quarto de Hotel.
É demais, como podemos sentir a loucura a invadir o personagem, quase numa beleza assustadora, a dada altura partilhamos dessa viagem...
Esta personagem é inspirada na figura de Syd Barrett, primeiro vocalista de Pink Floyd, que à medida que o seu sucesso aumentava também a sua dependência nas drogas o consumia...
Música e Imagem em perfeita sintonia, rock psicadelico e progressivo dirigido por uma das maiores bandas da história da música.

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AMADEUS: Milos Forman brinda-nos com um Épico que desmistifica a vida, a irreverência e a genialidade da obra de um dos compositores mais importantes da nossa história, Wolfgang Amadeus Mozart. (Viena, 1823) A pelicula é-nos pintada através da visão de outro compositor, Antonio Salieri, músico oficial da corte austriaca, que têm por Amadeus uma profunda admiração, que lentamente se metamorfoseia em cobiça e inveja,algo que criará um sentimento paradoxal durante toda a projecção, o amor de ambos pela música. É através desta ávida criatura que teremos acesso à história de vida e composição do maestro Mozart, onde a genialidade tantas vezes se confunde com loucura e a inocência tantas vezes dá lugar à ignorância. O percurso pela obra do artista é-nos apresentado com muita elegância e sobriedade onde não se descura a teatralidade das cenas, o espaço cénico e a fotografia que estão em perfeita consonância com obras como Lacrimosa, Bodas de Figaro e por fim um Requiem 'Dies Irae' que enterra um dos marcos da música que, no entanto, nos revisita sempre na sua genialidade.

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Walk The Line: Filme biográfico dedicado à carreira de Johnny Cash,'O Homem de Preto', percursor da música country.
Uma infância traumática, uma figura paternal que o menospreza, um problema com anfetaminas e alcóol prefazem os condimentos de uma lenda, onde a irreverência, a revolta e a angústia se misturam com talento e graciosidade.
De resto, o filme centra-se numa história de amor-ódio-amor, que inevitávelmente será a sua luz no fundo do tunél.
As suas músicas completam e misturam-se na narrativa.

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SID & NANCY: História baseada em factos reais, sobre a vida conturbada do baixista de Sex Pistols e da sua namorada Nancy.
Familia Adams versão punk, as personagens encarnam na perfeição a excêntricidade e o degredo, que caracterizam este infamous couple, onde a música de The Exploited 'Sex and Violence' ganha aqui um propósito.



Postado por: Hugo Fonseca

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